Tem coisas que me provocam.
Não gosto de fazer julgamentos, então tento entender. O que mais me provoca é o que eu demoro a
compreender. Um exemplo é o documentário de um produtor australiano (Justin
Sisely) sobre uma moça que fez um leilão na internet de sua própria virgindade. É uma brasileira de Santa Catarina
(Catarina Migliorini), de 20 anos. Depois de intensa divulgação na mídia
internacional, o leilão chegou ao fim na última quarta-feira (24/10), tendo
como vencedor um japonês que ofereceu US$ 780 mil. A primeira noite dos "pombinhos" já está marcada: 3 de novembro. O ato será consumado durante um voo que partirá
da Austrália para os Estados Unidos. Perguntada sobre o que a motivou a
participar do leilão, a jovem respondeu: “oportunidade de viajar, conhecer
novas culturas...”. Enquanto ela se prepara para conhecer mais intimamente a
cultura japonesa, o documentário está rolando, tipo um reality do dia a dia da
jovem antes e depois do resultado do leilão. Um enredo sem direito a clímax, já
que o ato sexual não vai ser filmado. Não vou fazer comentários porque, como
disse, ainda estou tentando entender. O triunfo da liberdade sexual feminina, o grande orgasmo de Betty Friedan na tumba? Prostituição globalizada? Retrato da miséria afetiva da humanidade? Sei não.