29 dezembro, 2013

Faixa de Areia

Gosto da abertura com a música de Pedro Luís. Direção: Daniela Kallmann e Flávia Lins e Silva. Fotografia: Marcelo Duarte. Edição: Henrique Tartarotti.

27 dezembro, 2013

micro e macro

Olhar de perto muda tudo.O diretor do Laboratório de Microscopia e Microanálise doInstituto de Astronomia da universidade do Havaí (EUA), Gary Greenberg, fotografou grãos de areia e ampliou as imagens mais de 250 vezes. "Cada grão de areia é único", concluiu o pesquisador.





24 dezembro, 2013

Todo ano são as mesmas coisas no Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa etc. Estou cheia dessas tradições vazias, que o consumismo e a sociedade do espetáculo tentam preencher.

06 dezembro, 2013

Muito forte essa música composta e interpretada por Maria Bethânia do novo DVD Carta de Amor. Ouvi dizer que ela fez naquela época em que foi muito criticada na imprensa por causa de uma verba oficial para produzir uma série de vídeos. Ficou demais. "Chorando eu refaço as nascentes que você secou".

01 dezembro, 2013

Milhazes

Curto muito esta artista que começou nos anos 80 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. Beatriz Milhazes ganhou o Brasil e o mundo com suas cores e um estilo que mistura arte popular brasileira, modernismo, tropicalismo e mandalas.



Conheça a exposição que ela fez no Rio em outubro de 2013.

12 outubro, 2013


Mandalas têm um efeito delicioso no olhar, e as de Anja Koerts fascinam.




"Poema dum funcionário cansado"
António Ramos Rosa

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita

estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música

São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só

ROSA, António Ramos. Poemas de António Ramos Rosa. Apresentação, seleção, notas e sugestões para análise literária de Cristina Almeida Ribeiro. Lisboa: Editoral Comunicação, 1985.

Postado por Antônio Cícero no blog ACONTECIMENTOS

15 agosto, 2013

  Leitura obrigatória para jornalistas.


"O que as pessoas falam, como dizem o que têm a dizer, que palavras escolhem, que entonação dão ao que falam e em que momentos se calam revelam tanto ou mais delas quanto o conteúdo do que dizem. Escutar de verdade é mais do que ouvir. Escutar abarca a apreensão do ritmo, do tom, da espessura das palavras – e do silêncio.

Escutar é também não interromper as pessoas quando elas não falam na velocidade que a gente gostaria ou com a clareza que a gente desejaria e, principalmente, quando elas não dizem o que a gente pensava que diriam. Escutar é não induzir as pessoas a dizer o que gostaríamos que dissessem. A reportagem sempre fica melhor quando somos surpreendidos, quando ouvimos algo que não planejávamos. Escutar é esperar o tempo que cada um tem de falar – e de silenciar. Como repórter – e como gente –, eu sempre achei que mais importante do que saber perguntar é saber escutar a resposta".

(Eliane Brum)

25 julho, 2013

Vinho

Não desejo me embriagar de você
Quero apenas sorvê-lo, em pequenos goles
Numa taça de límpido cristal
Noite quente, lua cheia

Em cada parte do seu corpo quero escrever

Palavras de amor, poemas sem fim
Entregar-me sem receio
Receber-te inteiro.

23 julho, 2013

Mergulho no tempo e na arte

O fotógrafo austríaco Andreas Franke criou duas séries de fotos embaixo dágua.
A primeira é chamada "Vandenberg". A equipe de mergulho desceu a 43 metros, a 11 quilômetros da costa de Key West, na Flórida, EUA. O cenário foi o navio Gen. Hyot S. Vandenberg, de 17 mil toneladas, usado pela marinha americana na Guerra Fria e naufragado. As fotos retratam cenas cotidianas dos anos 50.
A outra é "Stravonikita", feita no navio incendiado há mais de 20 anos na costa dos Barbados. o tema das fotos é o rococó europeu.
O artista criou uma exposição, debaixo dágua, com obras das duas séries.

29 junho, 2013

Redes de Indignação

No Brasil tudo começou com o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus em SP. Os estudantes foram às ruas protestar. A PM teria reagido de forma exagerada, provocando protestos de outras camadas da população e estendendo o movimento para o Rio. Outros estados acompanharam. Grupos radicais e bandidos deram as caras, e vieram os atos de vandalismo e violência. Um dos motivos que fez o gigante despertar do berço esplêndido foi o bolso. Um levantamento do Banco Central mostra que quase metade das famílias brasileiras devem aos bancos. Este é o resultado do tão falado aumento do "poder aquisitivo" da população. Além disso, a roubalheira dos políticos e a forma como as grandes instituições conduzem os destinos do país provocam revolta. Esse movimento é inspirado por pessoas que querem outros valores, outra consciência. As redes sociais são o veículo por onde esses anseios conseguem fluir. Para o pesquisador francês Pierre Levy, a revolta brasileira é o experimento de uma nova forma de comunicação. "Não se pode esperar resultados diretos e imediatos a partir dos protestos, nem mudança políticas importantes, o que importa é uma nova consciência, um choque cultural que terá efeitos a longo prazo na sociedade brasileira", diz ele. Já o sociólogo espanhol Mauel Castells esteve no Brasil este ano para o evento Fronteiras do Pensamento e falou sobre o sentido das manifestações sociais em várias partes do mundo, assunto de seu novo livro "Redes de Indignação e Esperança".

20 junho, 2013

Copa das Manifestações

17 de junho:: Imagens aéreas captadas em São Paulo, produção da TV Folha. Protesto contra o aumento da passagem de ônibus que gerou manifestações em todo o país, não só contra o aumento, mas também contra um sistema político, econômico e cultural que precisa dar lugar a uma nova consciência.
Foram usados um drone (veículo aéreo não tripulado) e uma câmera GoPro. O drone tinha luzes de LED verdes e vermelhas para sinalizar onde estava e a inscrição PRESS para deixar claro que não se tratava de algo da polícia. Pelo Instagram, João Wainer, editor da TV Folha, contou mais detalhes: mostrou a foto abaixo do drone utilizado e disse que Luís Neto, da empresa GoCam, pilotou a nave não tripulada. No site da empresa, dá para ver que o foco deles é exatamente esse: gravações aéreas com pequenas naves — segundo eles, com “câmeras profissionais High Definition, fotos em até 18Mp e vídeos full HD 1080 a 24fps, 30fps ou 60fps”. É o bom uso do drone.


Modelo DJI Phantom, da DJI Innovations, um quadcóptero criado especificamente para o uso de câmeras GoPro. Ele consegue atingir velocidade de 10m/s, LEDs nas quatro hélices e consegue voar entre 10 a 15 minutos em cada carga de bateria. Nos EUA, o aparelho é vendido por cerca de US$ 700, enquanto no Brasil é encontrado em lojas especializadas por até R$2.500.
(Fonte: http://gizmodo.uol.com.br/video-protestosp-drone/)

13 junho, 2013

Praias

Série do fotógrafo americano Gray Malin retrata, sempre do alto, praias em 16 países, entre eles o Brasil. 

Rio de Janeiro, Brasil

Coney Island, EUA

Surfistas em Hamptons, EUA

Ocean Beach, EUA

Coogee Beach, Austrália

Saint Tropez. França



Gray Malin

23 maio, 2013

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de história, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio e desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como oimaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

(Amyr Klink - Mar sem Fim)

09 maio, 2013



A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.

O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.

A tradição é a personalidade dos imbecis.

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.

Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada. 

Albert Einstein


14 abril, 2013

reciprocidade

O amor desfaz a noção do tempo. 
O tempo desfaz a noção do amor. 

(Geraldo Carneiro)

13 fevereiro, 2013

A Moça Tecelã

          Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite.  E logo sentava-se ao tear.

          Linha clara, para começar o dia.  Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

          Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

          Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo.  Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido.  Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

          Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

          Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

          Nada lhe faltava.  Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas.  E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido.  Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete.  E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

          Tecer era tudo o que fazia.  Tecer era tudo o que queria fazer.

          Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

          Não esperou o dia seguinte.  Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado.  Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

          Nem precisou abrir.  O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

          Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

          E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu.  Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

          — Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher.  E parecia justo, agora que eram dois.  Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

          Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
     — Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou.  Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

          Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia.  Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

          Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
          — É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

          Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados.  Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

          E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros.  E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

         Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

          Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

          A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar.  Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas.  Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

          Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara.  E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.



Marina Colasanti

Viva o Carnaval

Portela, Rio de Janeiro


Filhos de Gandhy, Salvador

Abre-Alas da Mocidade 

http://globotv.globo.com/rede-globo/carnaval-2013/v/cazuza-renato-russo-raul-e-amy-sao-representados-no-abre-alas-da-mocidade/2398854/