Eles vão ficar pra sempre no Rio Vermelho.
Vai ser inaugurada hoje, no Largo de Santana, mais conhecido como Largo da Dinha, a escultura em bronze de Tati Moreno. Jorge Amado e Zéli Gatttai estão acompanhados do cachorrinho Fadul. Uma bela homenagem ao amor, ao companheirismo, à literatura e à vida.
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São Caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida
a vida mera
das obscuras!
(Cora Coralina)
26 outubro, 2012
Tem coisas que me provocam.
Não gosto de fazer julgamentos, então tento entender. O que mais me provoca é o que eu demoro a
compreender. Um exemplo é o documentário de um produtor australiano (Justin
Sisely) sobre uma moça que fez um leilão na internet de sua própria virgindade. É uma brasileira de Santa Catarina
(Catarina Migliorini), de 20 anos. Depois de intensa divulgação na mídia
internacional, o leilão chegou ao fim na última quarta-feira (24/10), tendo
como vencedor um japonês que ofereceu US$ 780 mil. A primeira noite dos "pombinhos" já está marcada: 3 de novembro. O ato será consumado durante um voo que partirá
da Austrália para os Estados Unidos. Perguntada sobre o que a motivou a
participar do leilão, a jovem respondeu: “oportunidade de viajar, conhecer
novas culturas...”. Enquanto ela se prepara para conhecer mais intimamente a
cultura japonesa, o documentário está rolando, tipo um reality do dia a dia da
jovem antes e depois do resultado do leilão. Um enredo sem direito a clímax, já
que o ato sexual não vai ser filmado. Não vou fazer comentários porque, como
disse, ainda estou tentando entender. O triunfo da liberdade sexual feminina, o grande orgasmo de Betty Friedan na tumba? Prostituição globalizada? Retrato da miséria afetiva da humanidade? Sei não.
Estive na comunidade que fica ao lado do Solar do Unhão, em Salvador, na Gamboa de Baixo, para conhecer o MUSAS - Museu de Street Art de Salvador. O museu foi aberto no dia 10 de agosto para reunir as pessoas que trabalham com grafite. A comunidade, que tem 140 casas e 2.500 moradores, está toda grafitada, até os becos mais distantes foram pintados. Os moradores estão curtindo e esperam que a movimentação em torno da iniciativa venha trazer benefícios. O pessoal do Coletivo "Nova 10 Ordem", que criou o projeto, está animado. As fotos foram feitas por Amanda Julieta e Maíra Figueredo, alunas de jornalismo da Jorge Amado.
Este filme me lembrou um ensinamento de Osho: "As pessoas criativas são perigosas porque se a criatividade não lhes for permitida, elas se tornarão destrutivas".
Os EUA no pós-guerra não eram terreno fértil para jovens sensíveis e desajustados ao sistema. Além disso a poderosa indústria das drogas começava a ganhar força. O resultado está no filme de Walter Salles baseado no livro "On the Road", de Jack Kerouack.
A cidade continua bonita, o clima é agradável, mas a qualidade de vida caiu muito. Uma pesquisa recente aponta Salvador como a pior capital do país para se viver. Na minha visão os piores pontos são a sujeira, a ineficiência dos serviços públicos em geral, a falta de educação e a violência.
Belíssima obra de Oscar Niemeyer, o MAC foi construído em 1996 sobre o Mirante da Boa Viagem, em Niterói-RJ. É um belo exemplo de intervenção urbanística que se harmoniza com a paisagem, valorizando os contornos da Baía de Guanabara.
A cidade do Rio de Janeiro recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de Patrimônio da Humanidade, na categoria Paisagem Cultural Urbana. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 37ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, reunido em São Petersburgo, na Rússia.
A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco deverão ser preservados de forma especial. São eles o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a praia de Copacabana, o Arpoador, o Forte de Copacabana, o Forte do Leme, a Enseada de Botafogo, o Parque do Flamengo e a entrada da Baía de Guanabara.
Arpoador
Jardim Botânico
Enseada de Botafogo com Pão de Açúcar ao fundo
Cristo Redentor
Lagoa Rodrigo de Freitas
Arcos da Lapa
Além do Rio de Janeiro, o Brasil conta hoje com outros 18 bens culturais e naturais na lista de 911 bens reconhecidos pela Unesco: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, Minas Gerais (1980); Centro Histórico de Olinda, Pernambuco (1982); Ruínas de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (1983); Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas (1985); Centro Histórico de Salvador, Bahia (1985); Conjunto Urbanístico de Brasília, Distrito Federal (1987); Centro Histórico de São Luís, Maranhão (1997); Centro Histórico de Diamantina, Minas (1999); Centro Histórico de Goiás, Goiás (2001); Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe (2010).
Já os bens naturais são: Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986); Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997); Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998); Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999); Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000); Pantanal Matogrossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000); Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001); e Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001). Ser reconhecido pela Unesco é relativo: há 27 anos o Pelourinho, em Salvador, faz parte da lista e, como tudo na capital baiana, está sujo e abandonado. Mas no caso do Rio pela primeira vez o título foi dado à cidade como um todo, que está realmente muito bem cuidada e organizada. Tom Jobim ficaria orgulhoso. E eu já estou com saudade, mas ainda não é a minha hora de voltar.
Montagem de Vick Muniz a partir de lixo reciclável
A ideia é chamar a atenção
Stands da Cúpula
Depois de dez dias de reuniões, a Conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável termina e deixa como resultado um documento final criticado pelos ambientalistas, mas defendido pela ONU e pelo governo brasileiro como um roteiro capaz de orientar os países a desenvolver ações em benefício da saúde do planeta. Penso que nunca é demais discutir essas questões e a realização da Rio + 20 por si só pode ser considerada um sucesso em um mundo tão cheio de problemas. A conferência teve o mérito de promover a união de diferentes setores da sociedade civil, representados na Cúpula dos Povos. A agenda do século XXI ainda não foi compreendida pela maior parte da sociedade. Chega de ficar esperando pelos políticos. É hora de cada um cuidar muito bem do seu corpo e de seu quintal e se unir aos vizinhos para melhorar o que precisa ser melhorado através de uma ação social consciente, ao mesmo tempo local e global. As críticas e o derrotismo não ajudam em nada. Participei ativamente da Eco 92, acompanhei agora a Rio + 20 e posso garantir que muita coisa evoluiu de lá pra cá - e vai continuar evoluindo. É importante acabar com a ideia de que um dia todos serão conscientes, todos serão bons. Existe e existirá sempre na Terra um campo de conflitos, gente que luta para salvar vidas e gente que mata, gente que planta e gente que desmata, gente da paz e gente da guerra. Mas podemos nos tornar mais unidos, mais fortes e vencedores na defesa dos valores humanos. Sim sim, por que não?
Parece que estou caindo, em silêncio, num poço sem fundo. Parece angústia e uma tristeza que não tem cor. Parece saudade de algo que não existe ou, ainda, vontade de tudo aquilo que nunca conheci. Parece estafa. Parece, sobretudo, solidão. Parece medo, parece intenso demais, parece triste. Pareço fraca, pareço chata, pareço só. E, no fundo, pareço com tudo aquilo que sei que não sou. Pareço boba, mas isso sempre fui. Pareço sentir preguiça. Pareço estar irritada. Tudo parece um pedaço daquilo com que não pareço. É como ser extremamente feliz. Só que ao avesso.
Daiana Geremias (Livro da Tribo)
O trabalho de Doubilet me fez lembrar um calendário que ganhei de presente há alguns anos, com pinturas do californiano Robert Lyn Nelson. Chamava-se Underwater Fantasies. Fiquei apaixonada, cada dia era uma surpresa.
