Se você ainda não percebeu que o Brasil mudou, ainda é tempo. Um dos
subprodutos dessa mudança são as manifestações que tomaram as ruas. É pena que
muitas delas tenham assumido a horrível face da violência. É curioso que no
país do futebol a Copa esteja sendo rechaçada. São fenômenos sociais que muita
gente está tendo dificuldade para entender e processar. E as eleições vêm aí.
Então vamos acordar. A
questão central do Brasil hoje está em uma só
palavra: Inclusão. É tempo de incluir camadas da sociedade que vivem à margem
há décadas, séculos. Incluir de verdade, algo maior que a solidariedade das
ONGs, algo mais amoroso que os ideais dos partidos e da intelectualidade.
Simplesmente dar espaço, aceitar, compartilhar. Mas tem uma camada da sociedade que reluta em incluir, e
daí vêm todos os conflitos, que têm as ruas como palco. Leciono
em uma faculdade particular do nordeste brasileiro. Sinto alegria ao perceber
que, graças aos programas de financiamento estudantil, jovens de famílias de
baixa renda e da periferia estão tendo a chance de fazer cursos superiores. Sinto
orgulho de poder ensiná-los; me sinto últil, me sinto grata. Eu que sempre quis
mudar o mundo e que no jornalismo nunca consegui mudar nada. Porém, há colegas
professores que desprezam essa chance, torcem mesmo o nariz e falam que a
universidade baixou o nível, que os alunos são semi-analfabetos e maleducados.
Curiosamente alguns deles são de partidos de esquerda – e eu só tenho dois
partidos: a paz e a liberdade. O fato
é que esse movimento pela inclusão é irreversível. Quanto a maior a resistência
a ele, maiores serão os conflitos.