27 abril, 2014

Se liga.


                    Se você ainda não percebeu que o Brasil mudou, ainda é tempo. Um dos subprodutos dessa mudança são as manifestações que tomaram as ruas. É pena que muitas delas tenham assumido a horrível face da violência. É curioso que no país do futebol a Copa esteja sendo rechaçada. São fenômenos sociais que muita gente está tendo dificuldade para entender e processar. E as eleições vêm aí. Então vamos acordar. A questão central do Brasil hoje está em uma só palavra: Inclusão. É tempo de incluir camadas da sociedade que vivem à margem há décadas, séculos. Incluir de verdade, algo maior que a solidariedade das ONGs, algo mais amoroso que os ideais dos partidos e da intelectualidade. Simplesmente dar espaço, aceitar, compartilhar. Mas tem uma camada da sociedade que reluta em incluir, e daí vêm todos os conflitos, que têm as ruas como palco. Leciono em uma faculdade particular do nordeste brasileiro. Sinto alegria ao perceber que, graças aos programas de financiamento estudantil, jovens de famílias de baixa renda e da periferia estão tendo a chance de fazer cursos superiores. Sinto orgulho de poder ensiná-los; me sinto últil, me sinto grata. Eu que sempre quis mudar o mundo e que no jornalismo nunca consegui mudar nada. Porém, há colegas professores que desprezam essa chance, torcem mesmo o nariz e falam que a universidade baixou o nível, que os alunos são semi-analfabetos e maleducados. Curiosamente alguns deles são de partidos de esquerda – e eu só tenho dois partidos: a paz e a liberdade. O fato é que esse movimento pela inclusão é irreversível. Quanto a maior a resistência a ele, maiores serão os conflitos.

                

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