Sou contra a privatização das praias de Salvador e de qualquer lugar do mundo. Logo, me coloco a favor da decisão judicial que determinou a derrubada das barracas. Não admito que, em nome da “geração de empregos”, sejam cometidos crimes ambientais. No caso das barracas, é bom esclarecer que os empregos eram poucos, a oferta, em sua maioria, era de bicos mal-remunerados, num esquema de exploração. Os donos faturando muito bem, e garçons, cozinheiras e seguranças ganhando uma miséria, sem direitos trabalhistas.
É claro que vou sentir falta da barraca do Loro, da Goa e outras que freqüentava, mas elas vão voltar... espero que em localizações mais apropriadas (quem acha certo construções de concreto na areia da praia, cada vez maiores?) e em condições ambientais corretas, em termos de coleta de esgoto, lixo etc.
Morei na Pedra do Sal a poucos passos da praia, e testemunhei a enorme quantidade de lixo que ficava na areia depois de um domingo de sol. À noite, tinha pavor de ir até a praia: ratazanas enormes tomavam conta da areia! Estou até preocupada com essas milhares de ratazanas esfomeadas invadindo os bairros da orla, já imaginou?
Na moral, está na hora de se fazer um trabalho sério de educação ambiental em Salvador, a maneira que a maioria dos moradores trata o lixo me revolta. É uma questão, acima de tudo, cultural. Mas, na boa, quem se acostumou a comer seu caranguejo nas barracas e jogar os restos na areia um dia vai ter que se tocar! E os caras que se achavam os donos do pedaço, agora vão ter que se enquadrar.
Como já era de se esperar, a participação da prefeitura no episódio foi a mais cruel omissão. Os barraqueiros tinham licença, pagavam impostos municipais, então já deveriam ter sido apresentadas soluções e alternativas para a situação deles, antes de chegar o prazo-limite da demolição, anunciada há meses. O prefeito João Henrique, que inventou a reforma da orla com barracas de alvenaria, provocando a reação da justiça federal, cruzou os braços.
O pior: o povo está revoltado, e com razão, uma vez que a questão social não foi levada em conta. O caso das barracas se tornou mais um gerador de violência na cidade já tão violenta.
Na minha opinião, o erro não foi a demolição, e sim a forma radical e impiedosa como ela foi feita, semelhante a um ato terrorista.
Na minha opinião, o erro não foi a demolição, e sim a forma radical e impiedosa como ela foi feita, semelhante a um ato terrorista.
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